Homem-Aranha: No Aranhaverso, foi um dos maiores acertos da Sony Pictures com o miranha nos cinemas. Alguns até dizem que este é, de todos os filmes do herói, o que consegue transmitir toda a essência do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko .
Dirigido por Peter Ramsey, Bob Persichetti e Rodney Rothman, o longa estreou no fim de 2018 nos EUA, mas teve sua estreia adiada no Brasil, onde chegou apenas em Janeiro de 2019 — como costuma acontecer com as animações que estreiam nos EUA entre Novembro e Dezembro.
Na trama, Miles Morales (Shameik Moore) é um jovem negro do Brooklyn que, após ser picado por uma aranha radioativa e presenciar a morte de Peter Parker, assume o manto do herói. Entretanto, o herói mais tarde se depara com o próprio Peter Parker mais velho e descobre que ele é de uma dimensão paralela e que eles não os únicos a assumir o manto neste multiverso.
Homem-Aranha: No Aranhaverso não tenta ser uma animação convencional e deixa isso explícito logo nos primeiros segundos. A produção, completamente estilizada, tenta reproduzir exatamente os personagens e cenários, como se estivessem saído diretamente das páginas de uma HQ. Podemos perceber entre os contornos dos elementos em tela, que existe uma ligeira “falha de cor”, algo que é muito comum de acontecer na impressão das páginas das HQ’s. Além disso, todos as versões do Homem-Aranha são representadas exatamente como são em seus materiais originais, fazendo com que cada um dos personagens tenha um estilo diferente, dando uma particularidade para cada um e aumentando a fidelidade do longa.
Também é possível perceber que toda a iluminação e sombra das cenas são estilizadas para que cada cena do filme possa ser considerada uma vinheta de uma grande revista em quadrinhos. Existem também referências claras à linguagem usada nas HQ’s para representar visualmente os momentos na cena em que acontecem ruídos, barulhos, socos e todas as outras onomatopeias típicas de histórias em quadrinhos, o que faz com que a produção atinja um nível de fidelidade pouco visto até hoje em animações, além de criar um estilo completamente inédito.
A produção consegue, inclusive, mostrar detalhes ligeiros que apenas os mais atentos conseguem perceber, como as revistas que Miles lê — referências diretas à algumas edições da HQ. Existe também uma “brincadeira” envolvendo a agilidade de Miles e Peter, percebemos que a velocidade de movimentação de Miles está sempre inferior à de Peter e dos outros personagens, isto porque ele é novo e inexperiente, enquanto os demais são mais velhos e possuem mais experiência. O fato do Homem-Aranha Noir (Nicolas Cage) vir de um universo onde tudo é preto e branco, torna algumas cenas bastante engraçadas.
Além extremo cuidado na parte visual, a produção preza no enrendo, apresentando uma história envolvente, que aborda a jornada de Miles Morales e as outras versões do Aranha no multiverso, na incessante luta contra os planos do Rei do Crime (Liev Schreiber).
A trilha sonora cuidadosamente criada para o longa, juntamente com o estilo de animação, o timing para as cenas de ação e humor, dão ao enrendo todos os elementos para que o filme seja “redondo” e coeso, dificultando que pontas soltas sejam encontradas ao longo da narrativa e que a história mantenha o espectador imerso na produção, independente da idade.
Homem-Aranha: No Aranhaverso é melhor adaptação animada do herói até o momento, unindo diversos personagens diferentes numa história cativante e uma produção de tirar o fôlego que tenta manter a fidelidade do início ao fim. Tais feitos renderam a produção o Oscar de Melhor Filme de Animação em 2019 e a continuação já foi confirmada pela Sony Pictures.